O seminário ocorrerá no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA)Rua do Anfiteatro, 181, Conjunto Colméia, Favo 10. São Paulo, SP, Brasil. CEP 05800-900 • 55 11 3091-3045. lisa@usp.br

As vagas são limitadas a 45 pessoas por sessão e dão direito a certificado de ouvinte. As inscrições devem ser realizadas pelo e-mail rodrigommonteiro@yahoo.com.br

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Resumo: A folia do Divino: experiência e devoção em São Luiz do Paraitinga

1ª. Sessão 6/11/08 - 9h

Teatro, gênero e subjetividade

Coordenador: Rubens Alves da Silva (USP)
Debatedor: Renato Ferracini (UNICAMP)


Adriana de Oliveira Silva
Resumo
Esta pesquisa de mestrado investiga as formas expressivas da religiosidade popular em São Luiz do Paraitinga, mais especificamente num dos aspectos mais arcaicos da festa do Divino Espírito Santo: a folia do Divino.

Analiso os aspectos expressivos da devoção ao Divino − particularmente, o canto, o choro e o riso − por meio da antropologia da experiência (Victor Turner), da antropologia interpretativa (Clifford Geertz) e da antropologia musical (Antony Seeger).

Partindo da antropologia da experiência, trata-se de analisar como expressões como o canto, o choro e o riso corporificam “uma experiência” em que: 1. algo acontece ao nível da percepção; 2. imagens de experiências do passado são evocadas e delineadas – de forma aguda; 3. emoções associadas aos eventos do passado são revividas; 4. o passado se articula ao presente numa “relação musical”, tornando possível a descoberta e a construção do significado; 5. a experiência se completa através de uma forma de “expressão” (Dawsey, 2005).

Numa perspectiva interpretativa, trata-se também de buscar o significado da devoção ao Divino em seus aspectos sensíveis. Se para interpretar o negara, Geertz (1991) interpreta um léxico de esculturas, flores, danças, melodias, gestos, cânticos etc. na cerimônia de cremação de um rei balinês, talvez o significado da devoção ao Divino também esteja submerso no sensível. Aqui, considero sensível as expressões que ocorrem durante as atuações devocionais em que a folia pontua – cantando − sua ação e a dos devotos.

Se para Dilthey e Turner o passado se articula ao presente numa relação musical, pensando com Geertz (1991) e com Seeger (2004), proponho que o canto da folia seja mais do que uma analogia. Se, a partir de Lévi-Strauss, Robert Darnton (2001) diz que “em vez de tirarem conclusões lógicas, as pessoas comuns pensam com coisas”, pode ser interessante considerar que os devotos do Divino em São Luiz pensem com o canto, o choro e o riso. E, nesse caso, poder-se-ia dizer que a música não seria uma analogia, mas própria coisa, a própria devoção.

Palavras-chave: antropologia da experiência; antropologia interpretativa; antropologia musical; experiência e devoção; folia do Divino Espírito Santo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Resumo: O fazer audiovisual como performance - a produção de imagens e sons no contexto etnográfico

4ª. Sessão 7/11/08 (14h)
Etnografias, imagens e performers
Coordenador: Marianna Monteiro (professora UNESP)
Debatedor: Maria Lucia Montes (professora DA/USP)


Rose Satiko Gitirana Hikiji satiko@usp.br
Resumo
Meu projeto neste temático tem como objeto a análise dos usos do audiovisual no processo da pesquisa etnográfica a partir das reflexões dos campos da Antropologia Visual e da Performance. Proponho pensar como performático o processo no qual a relação entre antropólogo e sujeitos pesquisados é mediada pela câmera. As performance em questão aqui são tanto as dos sujeitos que se recriam para o filme, quanto a do antropólogo, que se recria como cineasta.
Esta é uma pesquisa em andamento. Nos últimos três anos tenho trabalhado na realização de um filme etnográfico com jovens produtores e exibidores de vídeo na periferia de São Paulo. Nesta comunicação, apresentarei reflexões a partir deste processo de pesquisa-filmagem.

Resumo: Entre a pesquisa etnográfica e a produção áudio-visual.

4ª. Sessão 7/11/08 (14h)
Etnografias, imagens e performers
Coordenador: Marianna Monteiro (professora UNESP)
Debatedor: Maria Lucia Montes (professora DA/USP)


Giovanni Cirino cirinogiovanni@gmail.com
Resumo
A proposta da comunicação é apresentar os primeiros desenvolvimentos do projeto de pesquisa que trata da Congada de Ilhabela. Esse objeto é abordado a partir de suas representações e as implicações destas para o grupo (e para fora dele), enfocando não só a própria performance congadeira, mas principalmente a performance daqueles que ali se encontram para o seu registro. O objetivo inicial é realizar uma etnografia dos conflitos implicados na política interna e externa ao grupo, abordando, sobretudo as relações entre a própria Congada (que em si já é uma representação), suas formas de representação (imagens e textos), e os efeitos destas para a própria comunidade.
Seguindo um dos meus objetivos específicos (realizar o acompanhamento de todo o processo de edição, montagem do documentário e exibição do documentário) pretendo discutir nessa comunicação alguns apontamentos sobre o processo de realização do filme, bem como os desdobramentos e repercussões da exibição de estréia em Ilhabela (em 14/05/2008) e alguns conflitos entre o olhar do “pesquisador” (antropólogo) e o olhar do “artista” (cineasta).
Palavras-chave: congada, antropologia visual, documentário etnográfico, trabalho de campo.
Situação: Trabalho em processo.

Resumo: Uma análise da performance dos ‘não’ atores dos filmes de arte iranianos

4ª. Sessão 7/11/08 (14h)
Etnografias, imagens e performers
Coordenador: Marianna Monteiro (professora UNESP)
Debatedor: Maria Lucia Montes (professora DA/USP)



Kelen Pessuto
Resumo
Com base na Antropologia da performance e na teatral, traçar um perfil dos métodos de interpretação e de expressão corporal dos ‘não’ atores dos filmes de arte iranianos, desenvolvidos pelos diretores mais consagrados do País como Abbas Kiarostami, Mohsen Makhmalbaf, Jafar Panahi, Bahman Ghobadi e Majid Majidi, com uma análise comparativa dos filmes Close-up, Dez, Salve o Cinema, O espelho, Tartarugas podem voar e A cor do paraíso.
Uma característica marcante do cinema iraniano é o uso de atores não profissionais, filmados em seu contexto real, que na maioria das vezes, interpretam seu próprio papel. Seja por razões econômicas ou pela busca de determinados resultados estéticos ou até por alcançar maior autenticidade que os filmes de arte iranianos usam deste recurso. Ressalto os filmes de arte, pois no Irã, há uma clara divisão entre eles e os comerciais, estes últimos, muitas vezes, são refilmagem de filmes americanos, num contexto iraniano ou comédias que enchem as salas de cinemas das cidades, que usam atores já consagrados no Irã e possuem roteiro com marcações de cena e falas, enquanto que no cinema de arte a maioria das atuações é marcada pela improvisação. São raras às vezes que um ator têm que decorar um papel. A personagem surge de sua própria experiência de vida, situações, objetivos e obstáculos, impostos pelo diretor ou por outro personagem, aos quais eles têm que reagir. Muitas vezes, a narrativa inteira de um filme iraniano se constrói com a colaboração destes não atores, com a troca de experiências entre eles e o diretor.
Palavras-Chave: Cinema Iraniano, Antropologia da Performance

Bibliografia: Turner, Schechner, Goffman, Eugenio Barba, Constantin Stanislavsky, Chekhov e Brecht.

Resumo: Pesquisadoras performers: olhando para o feminino no Islã

4ª. Sessão 7/11/08 (14h)
Etnografias, imagens e performers
Coordenador: Marianna Monteiro (professora UNESP)
Debatedor: Maria Lucia Montes (professora DA/USP)

Francirosy Ferreira fcbf@usp.br
Resumo
A questão central desta pesquisa [em processo] é verificar até que ponto as pesquisadoras de Islã consideram as mulheres muçulmanas como ocupantes de um lugar secundário na religião islâmica e no grupo social estabelecido. Isto implica observar o modo como estas pesquisadoras olham para o feminino no Islã. Parto do pressuposto de que há uma certa “exigência curricular”, enquanto antropólogas e pesquisadoras de Islã, exigência esta constituída pelo fato de termos que elaborar uma reflexão sobre as “mulheres muçulmanas”, ou seja, de sempre termos de discutir as relações entre o feminino e o masculino no Islã, mesmo não sendo este o objeto da pesquisa. Os temas relacionados à mulher islâmica, ao véu, ao lugar desta mulher muçulmana na sociedade islâmica é destaque na mídia e na academia e quase sempre aponta para estereótipos dessa construção do feminino.
Assim, o objetivo deste pós-doutorado é construir uma análise que tenha como ponto de partida a trajetória inicial das pesquisadoras, caracterizando os motivos da suas opções em estudar o Islã; abarcar as questões levantadas e a metodologia por elas empregada na produção de sua etnografia e incorporar, finalmente, os desdobramentos decorrentes de suas trajetórias e dos trabalhos produzidos. Desta forma, será possível verificar como cada pesquisadora lida com as questões relacionadas ao gênero e ao Islã, tanto de modo direto (quando corresponde à própria pesquisa) ou indireto (quando não se trata da temática da pesquisa).
A metodologia a ser empregada atém-se à análise dos depoimentos escritos pelas pesquisadoras sobre a sua experiência de campo; entrevistas (com questões semi-estruturadas) a respeito do trabalho produzido e da experiência de campo relatada por elas, assim como o desdobramento da pesquisa. Um dos instrumentos a serem utilizados pela pesquisadora é a câmera de vídeo, a fim de construir, em vídeo/CD-ROM, um hipertexto.
Palavras-chave: Islã, Gênero, Antropologia Crítica, Antropologia da Performance.
Bibliografia Básica: Ronald Grimes, Lila Abu-Lough, Ruth Landes, Judith Butler

Resumo: “O palhaço o que é? É ladrão de mulher”. Os caminhos da ficção na pesquisa etnográfica.

4ª. Sessão 7/11/08 (14h)
Etnografias, imagens e performers
Coordenador: Marianna Monteiro (professora UNESP)
Debatedor: Maria Lucia Montes (professora DA/USP)


Ana Lúcia Marques Camargo Ferraz
Resumo
Viso apresentar aqui a pesquisa que está em processo com uma família de Circo de Teatro, partindo da análise da cena e da dramaturgia - das comédias e dramas apresentados ao público familiar das cidades do interior sul do país, encontro o fenômeno da catarse sobre o tema do casamento. Mapeando distintas performances de gênero em relação no interior do grupo, proponho a produção de ficções como modo de lidar com esse universo simbólico denso e na pesquisa sobre temas delicados da esfera da intimidade.
Essa pesquisa dialoga com o campo teórico que investiga a crise de representação no campo do teatro (Guénoun, Lehmann), bem como com os estudos de caso sobre Circo-Teatro no Brasil (Montes, Magnani, Pimenta, Silva). Nessa fase da pesquisa inicio uma reflexão sobre as relações de gênero no universo pesquisado e sobre a possibilidade de pensá-las como performance (Butler, Haraway, Callaway) e avanço numa reflexão metodológica que parte do conceito de etnoficção forjado por Jean Rouch em sua prática de produção de filmes etnográficos.
Palavras-Chave: Circo-Teatro, Drama, Gênero, Etnoficção, Etnografia.

Resumo: Por uma Antropologia Benjaminiana

3ª. Sessão 7/11/08 (9h)

O jogo, a Festa e o Liminóide
Coordenador: Ana Lucia Ferraz (pós-doutor DA/USP)
Debatedor: Sylvia Caiuby Novaes (professora DA/USP)


John Cowart Dawsey
Resumo
Este ensaio se apresenta como um canteiro de obras benjaminiano. A justaposição de figuras aparentemente distantes em relações bruscas e surpreendentes talvez provoque estranhamento. Mas, as afinidades são reveladoras. Nos remoinhos dos estudos de Michael Taussig, busco uma composição teórica em contraponto: de um lado, Victor Turner e Clifford Geertz, cujos escritos nos levam a pensar possivelmente numa espécie de paradigma do teatro dramático na antropologia, e, de outro, duas figuras às margens da antropologia e do teatro dramático - Walter Benjamin e Bertolt Brecht. A força gravitacional do ensaio se encontra nessas margens, especialmente na obra fragmentada de Benjamin. Trata-se de um ensaio por uma antropologia benjaminiana, que se organiza em torno de três alegorias: 1) espelho mágico; 2) estilhaçamento; e 3) lampejos. O percurso não deixa de sugerir a forma de um rito de passagem insólito: a passagem para uma condição de passagem.
Palavras-chave: Walter Benjamin, Bertolt Brecht, Victor Turner, e Clifford Geertz