O seminário ocorrerá no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA)Rua do Anfiteatro, 181, Conjunto Colméia, Favo 10. São Paulo, SP, Brasil. CEP 05800-900 • 55 11 3091-3045. lisa@usp.br

As vagas são limitadas a 45 pessoas por sessão e dão direito a certificado de ouvinte. As inscrições devem ser realizadas pelo e-mail rodrigommonteiro@yahoo.com.br

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Resumo: Os Roleplaying Games em jogos, performances, identidades, narrativas e discursos

3ª. Sessão 7/11/08 (9h)

O jogo, a Festa e o Liminóide
Coordenador: Ana Lucia Ferraz (pós-doutor DA/USP)
Debatedor: Sylvia Caiuby Novaes (professora DA/USP)


Ana Letícia de Fiori morgotia@yahoo.com.br
Resumo:
Entre os anos de 2004 e 2007 realizou-se uma pesquisa de iniciação científica baseada em etnografias (via Geertz e Clifford) e análise de discurso (via Barthes, Foucault, Goffman e Bourdieu) sobre os jogos de Roleplaying Games (RPGs), seus jogadores e outros atores sociais com os quais interagem. A pesquisa se desenvolveu por dois ramos. O primeiro corresponde ao primeiro ano como bolsista PIBIC e se refere à relação performática dos jogadores com seus personagens criando, jogando, narrando e representando. Discutiu-se como as fichas de personagem tem o papel de máscaras rituais (Mauss) criadas a partir do repertório cultural e experiências de vida dos jogadores e, quando trazidas à vida pela dinâmica do on e off dos RPGs permitem aos jogadores o intercâmbio mimético (Taussig e Benjamim) de experiências e memórias, através das transportação e do comportamento restaurado (Schechner) além de constantes e lúdicas reconfigurações simbólicas e de selfs, despertando reflexividades e alteridades em um espaço-tempo ficcional e liminóide (Huizinga e Turner). A seqüência total da performance (Schechner); a construção de saberes específicos; a sociabilidade (Simmel) desenvolvida no interior do grupo e entre diferentes jogadores; as releituras autoetnográficas (Versiani) do jogador com seus personagens e a relação conjunta de jogadores com diferentes estilos e pedaços (Magnani) promovem uma socialização específica, entendida enquanto construção social da realidade e mundo vivido (Dubar) e formam um ser RPGista.
O segundo ramo da pesquisa corresponde ao segundo ano como bolsista PIBIC e busca entender os modos pelos quais os jogos de RPG e seus jogadores são tomados como objetos de discurso por diferentes atores sociais, disputando em diferentes campos de saber (Bourdieu). Assim, o RPG é tomado por segmentos evangélicos como satânico e corruptor porque brinca com elementos do sistema simbólico que dá sentido a um ethos específico (Geertz) mas também por servir de antagonista em uma cosmologia que aceita e busca enfrentar a realidade do mal. Outros ponto de discussão foi a violência supostamente imanente aos jogos, percebida por certos psicólogos, evangélicos e juristas, e explorado em casos de assassinato no qual elenca-se o RPG como motivo. Nos dois campos, buscou-se as diferentes formas pelas quais o jogo tem sido defendido e as tentativas de conciliação ou cisma entre atores de diferentes grupos. Também se abordou o crescente campo acadêmico que faz do RPG objeto de pesquisa, notadamente aqueles que exploram os potenciais pedagógicos do RPG em diferentes níveis educacionais e áreas de conhecimento.
Tenciona-se discutir agora os desdobramentos pretendidos para os dois ramos da pesquisa. Um documentário abordando a construção da identidade RPGista focado nas histórias de vida de diferentes jogadores e um trabalho voltado à antropologia jurídica sobre os rituais no processo de julgamento do assassinato de Aline Silveira Soares, ocorrido em Ouro Preto, MG, em outubro de 2001, e o primeiro assassinato ligado pela investigação ao RPG a ganhar repercussão nacional.

Palavras chave: socialização e formação de identidades, jogo, narrativa, experiência, discursos e campo.
Situação: relatório final e projeto

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