Teatro, gênero e subjetividade
Coordenador: Rubens Alves da Silva (USP)
Debatedor: Renato Ferracini (UNICAMP)
Adriana de Oliveira Silva
Resumo
Esta pesquisa de mestrado investiga as formas expressivas da religiosidade popular em São Luiz do Paraitinga, mais especificamente num dos aspectos mais arcaicos da festa do Divino Espírito Santo: a folia do Divino.
Analiso os aspectos expressivos da devoção ao Divino − particularmente, o canto, o choro e o riso − por meio da antropologia da experiência (Victor Turner), da antropologia interpretativa (Clifford Geertz) e da antropologia musical (Antony Seeger).
Partindo da antropologia da experiência, trata-se de analisar como expressões como o canto, o choro e o riso corporificam “uma experiência” em que: 1. algo acontece ao nível da percepção; 2. imagens de experiências do passado são evocadas e delineadas – de forma aguda; 3. emoções associadas aos eventos do passado são revividas; 4. o passado se articula ao presente numa “relação musical”, tornando possível a descoberta e a construção do significado; 5. a experiência se completa através de uma forma de “expressão” (Dawsey, 2005).
Numa perspectiva interpretativa, trata-se também de buscar o significado da devoção ao Divino em seus aspectos sensíveis. Se para interpretar o negara, Geertz (1991) interpreta um léxico de esculturas, flores, danças, melodias, gestos, cânticos etc. na cerimônia de cremação de um rei balinês, talvez o significado da devoção ao Divino também esteja submerso no sensível. Aqui, considero sensível as expressões que ocorrem durante as atuações devocionais em que a folia pontua – cantando − sua ação e a dos devotos.
Se para Dilthey e Turner o passado se articula ao presente numa relação musical, pensando com Geertz (1991) e com Seeger (2004), proponho que o canto da folia seja mais do que uma analogia. Se, a partir de Lévi-Strauss, Robert Darnton (2001) diz que “em vez de tirarem conclusões lógicas, as pessoas comuns pensam com coisas”, pode ser interessante considerar que os devotos do Divino em São Luiz pensem com o canto, o choro e o riso. E, nesse caso, poder-se-ia dizer que a música não seria uma analogia, mas própria coisa, a própria devoção.
Analiso os aspectos expressivos da devoção ao Divino − particularmente, o canto, o choro e o riso − por meio da antropologia da experiência (Victor Turner), da antropologia interpretativa (Clifford Geertz) e da antropologia musical (Antony Seeger).
Partindo da antropologia da experiência, trata-se de analisar como expressões como o canto, o choro e o riso corporificam “uma experiência” em que: 1. algo acontece ao nível da percepção; 2. imagens de experiências do passado são evocadas e delineadas – de forma aguda; 3. emoções associadas aos eventos do passado são revividas; 4. o passado se articula ao presente numa “relação musical”, tornando possível a descoberta e a construção do significado; 5. a experiência se completa através de uma forma de “expressão” (Dawsey, 2005).
Numa perspectiva interpretativa, trata-se também de buscar o significado da devoção ao Divino em seus aspectos sensíveis. Se para interpretar o negara, Geertz (1991) interpreta um léxico de esculturas, flores, danças, melodias, gestos, cânticos etc. na cerimônia de cremação de um rei balinês, talvez o significado da devoção ao Divino também esteja submerso no sensível. Aqui, considero sensível as expressões que ocorrem durante as atuações devocionais em que a folia pontua – cantando − sua ação e a dos devotos.
Se para Dilthey e Turner o passado se articula ao presente numa relação musical, pensando com Geertz (1991) e com Seeger (2004), proponho que o canto da folia seja mais do que uma analogia. Se, a partir de Lévi-Strauss, Robert Darnton (2001) diz que “em vez de tirarem conclusões lógicas, as pessoas comuns pensam com coisas”, pode ser interessante considerar que os devotos do Divino em São Luiz pensem com o canto, o choro e o riso. E, nesse caso, poder-se-ia dizer que a música não seria uma analogia, mas própria coisa, a própria devoção.
Palavras-chave: antropologia da experiência; antropologia interpretativa; antropologia musical; experiência e devoção; folia do Divino Espírito Santo.
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